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≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 1.4.10

Se não queres repetir a palavra «óscar», usa a expressão «estatueta dourada»

Esta semana, vi finalmente o filme «Estado de Guerra» e só tenho coisas boas a dizer sobre aqueles 130 minutos (mas não vou dizer nada sobre aqueles 130 minutos; guardarei tudo dentro de mim, para ganhar peso na cultura). Quem diria que eu e a Academia de Hollywood, duas pessoas completamente diferentes, acabaríamos enamorados pela mesma mulher?

Como nem só de alegrias se faz uma vida, fiquei pouco convencido dos méritos de «Um Homem Singular», um longo spot publicitário a mobiliário vintage e com flashbacks e diálogos que deixam muito a desejar (há até um momento em que um gigolô espanhol surge do nada para nos informar que, segundo a sua mãe cabeleireira, o «amor é como um autocarro...»; enfim, um cidadão não anda a perder benefícios fiscais para ouvir isto). Já que aqui estamos, aproveito para comunicar ao país que também não posso dizer maravilhas da Alice. Porquê? Talvez porque quase todas as cenas são demasiado previsíveis, sem surpresas que espevitem o desejo de trocar este mundo pelo outro, ficando a nossa imaginação dramaticamente refém da memória que guardamos do livro ou de ilustrações e filmes antigos sobre «Alice no País das Maravilhas». Tim Burton deveria ter sido mais arrojado, sem pensar tanto no espectador normal, uma vez que de médico e de chapeleiro louco todos temos um pouco. Se é verdade que não me diverti por aí além com o filme, tenho de confessar que tive de controlar o riso ao ler esta alfinetada do Michael Wood:

«Alice is 19 now, she has been dreaming of Wonderland for many years. We have seen her as a little girl, in a brief prelude, being reassured by her father that it’s all right to have strange dreams and a good thing to be crazy anyway, because all the best people are. I’m not sure this second proposition is as comforting as it’s supposed to be, but it works for Alice, who interprets it, at the end of the film, to mean that she should become a bold entrepreneur like her father, and sell some sort of unnamed goods to China, which apparently no one has thought of doing. You would have to believe in Wonderland, perhaps, in order to believe in China

Os óculos 3D não me ficam especialmente bem.

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