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≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 24.8.10

Independança

Não tendo especial simpatia pelos movimentos independentistas, devo reconhecer, depois de algumas incursões pela Irlanda, Catalunha, País Basco e Galiza, que o esforço diário e guerreiro para preservar a língua, a música, os hábitos, a comida e vários etceteras, confere, a essas regiões insubmissas, uma vitalidade capaz de as proteger de certas tentações uniformizadoras deste nosso tempo, muito mais permeável aos encantos da moda do que à mecânica do progresso. Nada disto significa – deus me livre - que eu esteja pronto para viajar numa qualquer carrinha anti-globalização ou para me reunir em caves com fanáticos encapuçados. Julgo apenas que, do ponto de vista político, a estratégia ideal (neste caso, «ideal» significa «aquela que me deixaria mais contentinho») passa por simular, nalguns momentos com exagerado espalhafato, um conflito entre o poder central e as regiões desavindas, de modo a que os fiddles movidos a Guinness, o gaélico, os pintxos bascos, as vitualhas galegas e o Futebol Clube extremamente Barcelona possam existir como elementos de uma cultura viva e não como reminiscências saudosistas de uns quantos malucos apegados à tradição. No fundo, depois de mergulharmos a sério neste meu plano, o que importa é que a luta pela independência de cada um desses pedaços de território seja uma farsa útil, uma encenação com um ou outro episódio mais apimentado, um jogo algo infantil mas necessário para que pouco se perca e quase nada do que é bom se transforme, ao mesmo tempo que o pé indiscutivelmente catalão de Iniesta vai empurrando a grande Espanha para a glória.

1 Comments:

Blogger Menina Limão said...

Esta caixa de comentários existe? Aposto que se paga.

25 de agosto de 2010 às 01:43  

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