Censos Comum
Aproveitando o arco de silêncio que normalmente se forma depois de eu pagar o almoço, enquanto ainda aguardo, ao balcão, a sopa que a diligente cozinheira anti-ASAE prepara para mim, fora do meu alcance visual e das leis comunitárias, o senhor do bar avança com mais uma das suas histórias: «Imagine: um alemão, um francês e um português.» Pensei que se seguiria uma daquelas anedotas em que a chico-espertice do português é alarvemente transformada em monumento. Mas não. Aquilo afinal era o preâmbulo de um incipiente estudo de economia comparada. O alemão recebe isto, gasta aquilo, o francês tem sempre ajudas daqui e dali, e o português, enfim, o português, olhe, uma tristeza porque o euro não sei quê. Quando, em 2035, explicarmos à geração über à rasca como era a vida em Portugal, teremos de contar-lhes a verdade: em 2011 não havia anedotas novas e toda a gente falava, com extraordinária desenvoltura, de economia.
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