Carruagem 23
Diz-se, com alguma razão, que os diálogos na ficção portuguesa são artificiais, toscos, perros, sem graça nem ritmo de conversa. Exactamente o contrário daquilo que se passa na realidade portuguesa (essa bela fábrica de contradições, petiscos e chatices). Na realidade portuguesa, tudo pode correr mal, mas os diálogos são quase sempre óptimos.
- Vamos ao bar, trincar qualquer coisa?
- Como diz o povo: tens fome? come um «home».
- Não posso, não tenho nenhum «home», nem aqui nem ali. É um problema que me aborrece. E aposto que nestas carruagens todas, neste comboio inteiro, não me consegues mostar um homem, um só, que seja um homem a sério.
- És muito exigente, rapariga.
- Não, eu tenho é muita fome.
- Vamos ao bar, trincar qualquer coisa?
- Como diz o povo: tens fome? come um «home».
- Não posso, não tenho nenhum «home», nem aqui nem ali. É um problema que me aborrece. E aposto que nestas carruagens todas, neste comboio inteiro, não me consegues mostar um homem, um só, que seja um homem a sério.
- És muito exigente, rapariga.
- Não, eu tenho é muita fome.
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