Carácter (2)
Ainda procurei aqui uma falha, mas a verdade é que concordo com tudo:
Apareceu há dias a ideia velha de que autores misóginos como Philip Larkin, que fora mencionado, não valiam a pena ser lidos. A ideia é aliás tão velha que cheira a mofo, mas é repetida por gente nova e espevitada que acredita que o carácter do autor tem de contar para a sua obra. Na verdade, não querem ler um bom livro: querem um 'amigo' que parece ouvir e não fala. Há muita gente assim. O resultado desta barbaridade está à vista, com escritores medíocres a perceber que se safam por declararem publicamente o seu amor pelas mulheres, pelos animais, pelos bebés de colo; pela humanidade, com os seus carrascos incluídos. Assim, sim, merece ser lido... por gente nova e espevitada que não merece ler Aristóteles, Tácito, Larkin, Joyce, Nietzsche, etc.
- Carla Quevedo, uma Bomba Inteligente.
Apareceu há dias a ideia velha de que autores misóginos como Philip Larkin, que fora mencionado, não valiam a pena ser lidos. A ideia é aliás tão velha que cheira a mofo, mas é repetida por gente nova e espevitada que acredita que o carácter do autor tem de contar para a sua obra. Na verdade, não querem ler um bom livro: querem um 'amigo' que parece ouvir e não fala. Há muita gente assim. O resultado desta barbaridade está à vista, com escritores medíocres a perceber que se safam por declararem publicamente o seu amor pelas mulheres, pelos animais, pelos bebés de colo; pela humanidade, com os seus carrascos incluídos. Assim, sim, merece ser lido... por gente nova e espevitada que não merece ler Aristóteles, Tácito, Larkin, Joyce, Nietzsche, etc.
- Carla Quevedo, uma Bomba Inteligente.
5 Comments:
Nada nem ninguém nos devia impedir de devorar páginas escritas por filhos da mãe, psicopatas, proxenetas e génios alucinados, apaixonarmo-nos por essas páginas e odiarmos os pulhas que as escreveram. O problema é que para além do que escreve a Carla há outra questãozinha - há muito boa gente que branqueia a filha da putice desses génios porque a paixão pelas letras deles lhes fulmina a razão. Não tem falhas, mas faltou esta outra vertente da coisa. Ou não, sou só eu que sou um bocadinho para o chato.
Bem visto. Faltava, de facto, essa adenda.
Resta também a outra hipótese, de eu ser um bocadinho chato.
Concordo com o António, que não me parece nada chato. Não no comentário que faz, pelo menos. Ler é uma coisa, até apreciar, enfim. Branquear é outra bem diferente.
Fez bem em restringir "não me parece nada chato" à emissão de comentários. Um tipo escondido por trás dos seus comentários pode parecer o tipo mais interessante do mundo. E depois, vai-se a ver e é o Vítor Gaspar que anda aqui a armar-se aos cucos. Um Páscoa divertida e nada Santa, que isso das santidades é para o vitinho.
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