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≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 3.4.13

Irão talvez

Em conversa com a realizadora inglesa Kim Longinotto, pergunto-lhe - porque se trata de um assunto que genuinamente me interessa - quantas primaveras é que ela julga que o regime político absurdo que hoje sufoca os iranianos (e sobretudo as melhores iranianas) se irá aguentar de pé, sem claudicar. O Irão sempre me pareceu um país com demasiadas pessoas civilizadas e rijas para permitir que os casmurros fanáticos que o comandam tenham vida fácil, mas a verdade é que até agora não apareceu ninguém suficientemente carismático e hábil, capaz de utilizar, em favor da mudança, as frágeis componentes democráticas do sistema iraniano. Apesar da vitalidade que se pressente ali, também nunca surgiu um rock'n'roll qualquer ou uma rajada de tweets subversivos que enchesse as praças de Teerão de jovens contra o medo, uma coragem organizada que enterrasse de vez, pela revolução, aquela forma cinzenta de entender o mundo. Ao contrário do que seria de esperar, em resposta a estas inquietudes de médio calibre, a Kim Longinotto oferece-me um resposta vaga, não deixando sequer pontas soltas a que eu me possa agarrar para a réplica. Quase logo a seguir, após um infinitésimo de silêncio nada embaraçoso, ela pergunta-me de que clube sou e conta-me o sofrimento que o Arsenal lhe provoca, confessando-me que teme pela saída de Wenger, de quem gosta muito ("I love Wenger"), se os resultados se mantiverem tão desoladores. Para a animar, falo-lhe do Sporting. Assim vai ser difícil que eu me transforme num intelectual.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sobre o rock/pop/hip hop no Irão recomendo este documentário:

http://www.soundsofsilencefilm.com/

4 de abril de 2013 às 01:28  
Blogger Daniel said...

Vou tentar (e, em princípio, conseguir) ver isso. Obrigado pela dica.

21 de abril de 2013 às 23:45  

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