Aproveitando a greve em geral, trabalhemos no blogue. Mas só um bocadinho. O suficiente para alertar o nosso primeiro-ministro Diego Capel e restantes membros do governo da República, que algumas soberanas livrarias da pátria guardam, no seu seio esquerdo e em pleno período de austeridade, este naco de prosa subversiva, metralhada originalmente em alemão (em alemão!):
Vieram então dois dias feriados; como eram à segunda e terça-feira, o director dispensou os alunos já no sábado, de modo que tiveram quatro dias de férias. Para Törless, porém, era pouco tempo para fazer a longa viagem até casa (...)
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As perturbações do pupilo Törless, de Robert Musil -
Portanto: dois feriados, ponte, férias e, ainda assim, na cabeça de Törless (um rapaz perturbado, é certo), a oferta revela-se demasiado escassa para cumprir o programa mais óbvio: "viajar". Meu deus,
viajar. E para um sítio com frigorífico e cama: a casa dos pais, o ninho sem sobressaltos. Nenhuma roldana, nenhuma traineira, nenhum colarinho engomado, nenhum código de barras, nenhuma bomba centrífuga.
Espero que medidas adequadas sejam tomadas no sentido adequado.