Em Agosto, durante um almoço, tive de interromper aquela vida relaxada de férias que eu tanto prezo, para me arreliar, à distância, com o treinador da minha equipa por ele não ter convocado James Rodriguez para a partida da Supertaça Europeia (uma competição que o rapaz pode muito bem nunca mais ter oportunidade de jogar na sua carreira de futebolista) porque, e passo a citar ou a inventar um bocadinho: «tendo chegado ao estágio com poucas semanas de antecedência, ainda não se encontrava nas melhores condições físicas e técnicas». Agora, um punhado de meses e vários cataclismos depois, encontro isto nos jornais: «Vamos ver o estado em que ele [James] chega. Jogou há poucas horas [pela selecção da Colômbia] e terá de ser reavaliado. Não estará no seu melhor, de certeza absoluta.» Ora bem, James (conhecido nalgumas tascas como
Ramez e noutras como
Jeimes) tem, ao que tudo indica, vinte anos de idade. Isso mesmo: vinte. Meus amigos e Pereiras em geral: aos vinte anos uma pessoa está
sempre em condições de jogar à bola. Sempre. Pode ter abanado a anca no Batô, até às 4 da manhã, assessorado por uma constelação de modelos eslavas, bebido quatro tequilas e oito cervejas, fracturado duas costelas numa rusga ou comido meia dúzia de iogurtes danone fora do prazo, não importa. Se uma pessoa com vinte anos
sabe jogar à bola então ela
pode jogar à bola.
A nossa sorte é que, por intervenção divina, o Varela (que esta época não mostrou nem 10 minutos de futebol decente) se lesionou na coxa esquerda (para quem confunde os lados: é a coxa que a
Angelia Jolie não exibiu na noite dos Óscares) e isso acaba por limitar as escolhas de Vítor Pereira. Eu, aliás, sou pela limitação, em grande escala, das escolhas de Vítor Pereira.