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≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 28.1.10

J.D.S. 2010

Sabemos pouco da sua vida mas esta noticia chegou a toda a gente: Salinger bateu a bota. Acontece aos melhores. O que já não acontece sempre, mesmo aos melhores, é entusiasmar meio mundo com um número ridiculamente pequeno de livros e depois, por vontade própria, não fazer nada que se veja.

Salinger tinha um estilo só dele, aparentemente conquistado sem dificuldade. Quando lemos os seus livros, parece que o seu talento para a escrita funciona, em exclusivo, com peças de origem, e que é muito natural, naquele sentido em que é «natural» para algumas pessoas mexer as orelhas através do pensamento ou tocar com a língua na ponta do nariz. Quem passou algumas horas entretido com «The Catcher in the Rye» ou os nove contos, sabe, e tem vontade de dizer a toda a gente, que Salinger era, e nunca vai deixar de ser, um escritor bestial. Apesar do silêncio de décadas, a sua morte significa uma grande perda. Não é preciso procurar muito para encontrar dois ou três escritores vivos também eles muito bons e, felizmente, ainda frescos que nem uma alface (à maneira deles). Mas, se repararmos bem, se tivermos de dar boleia a esses outros escritores para ir a uma festa, não escaparemos a um discreto embaraço, à chegada, porque nenhum desses dois ou três é, na verdade, um escritor bestial. Quando muito serão, à maneira deles, bestiais.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 26.1.10

Ontem, no metro

«Ontem, no metro, acabei uma peça de Ibsen. O final, segundo me recordo, é o seguinte: após a partida do filho com a amante, o pai louco e a tia doente passeiam pela neve. O pai morre. Aparece a mãe, e troca umas palavras com a tia - sua irmã -, que não deixem dúvidas no espectador quanto à evolução positiva da personagem, desde o início ao final da peça. A tia está radiante, ao perceber que a irmã aprendeu com o seu triste fado, e deixou de ser a mulher dura e fria que sempre fora. Abraçam-se. Escuridão. Parece que acabou, mas ainda não; do céu surge uma luz intensa. A batida começa, vinda do telemóvel da rapariga sentada à minha frente. As irmãs gémeas dançam um kizomba final, naquele bosque norueguês coberto de neve.» - Tio Vânia, o blogue.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 25.1.10

Política-Poema

«Fazer de Lisboa a praia de Madrid». Isto já é obra para Manuel Alegre, the president, ou ainda não?

That

No fundo, em suma e em estrangeiro: «It don't mean a thing if it ain't got that swing».

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 22.1.10

I never understand when people say they don't understand

Keith Reid, autor da letra de «A Whiter Shade of Pale» (1967):
«I never understand when people say they don't understand it. 'We skipped the light fandango'. That's straightforward. 'Turned cartwheels across the floor'. It seems very clear to me.»

Pela vossa saúde, não aborreçam o Keith Reid.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 21.1.10

Rúben e depois Micael

«Rúben Micael» era um dos exemplos mais frequentemente utilizados, em conversas, para mostrar que o amor dos pais pelos filhos tem desvios e nem sempre se consubstancia nos nomes de baptismo que lhes destinam. Mas isso era dantes, quando um clube de Lisboa parecia interessado em tornar-se na entidade patronal de Rúben Micael, prodigalizando aos seus adeptos uma rara alegria pós-natalícia. Agora, até acho um nome bonito.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 20.1.10

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 19.1.10

@daniel
©daniel

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 18.1.10

Vaudeville

Em vez dos jornais do costume, deveríamos ler mais Joseph Mitchell, um homem de chapéu que escrevia as suas crónicas nova-iorquinas num admirável inglês, mas um inglês discreto e sóbrio, o que melhor serve uma história com pessoas exuberantes e embriagadas.

«No Dick's Bar and Grill começavam muitas rixas, mas nunca acabavam ali. Há um apartamento vago no andar de cima e, quando os clientes desatavam aos socos uns aos outros, A Casa dizia-lhes que fossem para lá e acabassem a rixa. Um dos empregados ajudava-os a subir as escadas, e não tardava nada os clientes em baixo começavam a ouvi-los esbracejar e a berrar palavrões. Uma vez deixaram lá um homem sem sentidos numa sexta-feira, e o adversário desceu as escadas e continuou a beber. No domingo de manhã, o empregado de balcão foi ao andar de cima buscar qualquer coisa e descobriu o derrotado no chão, ainda a dormir. Quando o despertaram e lhe disseram o dia em que estavam, ele não se mostrou zangado. "Assim como assim, andava a precisar de dormir", disse ele

«Descobri o Sr. Holton num snack-bar de um dos seus antigos empregados, numa esquina da Third Avenue. Disse-me que andava a acabar uma dissertação com a qual esperava provar que William Shakespeare era mouro, dissertação essa que começara anos antes quando trabalhava como criado de David Blasco, mas que estava disposto a largar o trabalho por umas horas para me fazer um discurso sobre alguns exemplos de loucura colectiva em 1936. Antes de começar o discurso pediu uma cerveja. O empregado fez deslizar o copo pelo balcão fora. O Sr. Holton apanhou-o e pediu uma colher de sopa. Segurando a colher com delicadeza, o mindinho esticado, recolheu a espuma do topo da cerveja. "Nunca gramei chantilly"».

(Dois parágrafos do absolutamente magnífico livro: «Sou todo Ouvidos», um livro que inclui entrevistas a George Bernard Shaw e a pessoas nuas.)

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 16.1.10

@daniel
©daniel

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 15.1.10

O Princípio da Segunda Volta de Incerteza

Estamos no arranque da segunda volta do campeonato e, apesar do meu empenho em fazer coincidir os meus picos de capacidade analítica com os 90 minutos em que a equipa do Porto faz o favor de se encontrar com outras agremiações do mesmo ramo de actividade, ainda não consegui perceber se o Belluschi é bom ou mau futebolista. Também se pode dar o caso de estarmos perante um desses médios médios, mas aprofundar esta hipótese seria fugir ao problema. Julgo que ele é o tipo de jogador que, não entusiasmando nem se afundando em más decisões, tem, como suprema característica, a habilidade para nos alimentar uma dúvida permanente entre o insulto e a vénia ao seu trabalho; uma dúvida muito útil para quem persegue uma carreira longa no desporto de alta competição bem remunerada, mas não tem a sorte de poder contar com o talento do empresário de Abel Xavier. É triste porque queremos assobiar Belluschi mas temos medo que ele acabe como estrela do Sevilha, daqui a dois anos. Durante toda a primeira parte, desejamos vendê-lo sem demora ao Sporting, e aos 56 minutos ele faz um remate à barra que nos empolga (só um bocadinho). Tudo isto irrita-me profunda e solenemente. Poderia ser pior, conhecesse eu outros tipos de irritação disponíveis. Até à data, 15 de Janeiro de 2010, só me foram apresentadas estas duas: as irritações profundas e as irritações solenes, o que me facilita muito a vida no planeta.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 13.1.10

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 12.1.10

A metamorfose

Hoje, acometido por uma arreliante poeira na garganta, entrei numa dessas lojas tradicionais, que ninguém percebe como sobrevivem à violência do capitalismo, e pedi um saco de rebuçados Dr. Baygon. Não sei se por gentileza, se por problemas auditivos, a senhora dona proprietária não fez nenhum reparo a propósito do meu lapso e cobrou-me um euro por um produto aparentemente sem pesticidas, naquela que foi mais uma vitória do comércio local contra Franz Kafka.

Biography Channel

A partir de uma certa idade, as pessoas preferem defender aquilo em que acreditavam, quando eram mais jovens e talvez um pouco tontas, do que construir argumentos que suportem as suas novas convicções, inevitavelmente mais profundas. É compreensível. Apesar da maior parte de nós ser, à partida, capaz de abdicar de uma velha opinião, se esta se revelar débil no confronto com outra melhor, poucos são os que permitem que um extenso e relevante capítulo da sua própria biografia acabe lançado à fogueira, ainda que pela imparável força da experiência que o contraria ou através da sensatez de uma explicação mais completa e abrangente sobre as coisas que movem o mundo. A partir de certa idade, as pessoas não defendem convicções abstractas mas aquilo que concretamente são.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 11.1.10

«O melhor filme português de sempre que se vê logo que é português»

Penso que estamos todos de acordo que dás corda ao melhor blogue do mundo e que assim é que está bem. Está, aliás, tudo bem com o mundo. Quando digo «todos», refiro-me às pessoas que lêem blogues em húngaro e em basco e às pessoas que não lêem blogues nem em húngaro nem em basco. Trata-se, portanto, de um vasto e impressionante grupo de pessoas. Por outro lado, sendo eu o especialista mundial em tudo o que rodeia o filme «À flor do mar», e até do que se pode encontrar lá dentro, gostaria (se possível) que me enviasses um saco de castanhas, de cada vez que não resistisses à tentação de juntar, por esta ordem, as palavras: «À», «flor», «do», «mar», retirando brilho e exclusividade ao meu forte amor. Obrigado e desculpa lá o meu sitemeter.
@daniel
©daniel
Dia de muito, véspera de nada.

Primeiro parágrafo

Começar não é difícil. Por amor de deus. Difícil é ser capitão em prolongada intempérie e aguentar o barco, levá-lo a bom porto. Os barcos, os barcos, os barcos. Nunca se acabam os barcos. De Luís Vaz a Conrad, de Turner às ceramistas algarvias, do faroleiro de São Pedro de Moel às crianças com lápis faber castell, das antiquíssimas bordadeiras aos novos tatuadores de bíceps e omoplatas, todos lhes devotam atenção, carinhos e temores. Ao invés, por negligência da literatura, das belas-artes e das ciências, ninguém conhece quase nada de rulotes. É uma lacuna grave, pois a mulher e o homem modernos já quase não sonham com noites em alto mar, sendo, pelo contrário, muito frequentes os avistamentos de quem se péla por uma bifana ou uma fartura, no tormentoso cabo das duas da manhã. Infelizmente, não estamos aqui para resolver esse problema. Não é aqui que a história dá a curva. E, já que perguntam, também não fazemos baptizados nem entregamos refeições ao domicílio. Só se for mesmo muito perto.